Quem acessa as centenas de milhares de canais no Youtube, os mais diversos perfis no Instagram e Tiktok ou até mesmo as lives da Twitch TV hoje, às vezes não se dá conta que até pouco tempo atrás as únicas formas de se consumir conteúdo eram por meio dos canais de TV, revistas, rádios e jornais.
Um consumo que era passivo às notícias e informações. As poucas formas de interatividade ainda assim eram bastante restritas. Alô Você Decide! No programa exibido pela TV Globo entre os anos de 1992 e 2000, os telespectadores definiam o fim das histórias ligando para a emissora.
Com o surgimento da web 2.0 na virada dos anos 2000 o nível de interatividade começa a evoluir a partir do uso da inteligência coletiva. Nos blogs e redes sociais os usuários poderiam não apenas usufruir o conteúdo de forma passiva, mas também contribuir com a criação dele, o que é chamado de conteúdo gerado pelo usuário. Passa ser possível criar, emitir uma opinião e compartilhar aquele conteúdo para mais pessoas. É a partir daí que nascem os blogueiros, os primeiros influenciadores digitais e hoje criadores de conteúdo.
Apesar da web 2.0 ser um marco importante para democratização da produção e distribuição de conteúdo demorou um tempo para se entender todo o potencial da internet nesse sentido.
O que se vê hoje é uma corrida dos veículos tradicionais, como jornais e TV, para promoverem uma integração entre o off e online. Alguns exemplos muito bem sucedidos, outros ainda nem tanto. Mas todo esse esforço é concentrado em atrair a atenção do público, que antes tinha apenas esses grupos de mídia para consumir conteúdo, e hoje possuem uma gama infinitamente maior de conteúdo para assistir, ler e ouvir.
Mas afinal, o que é a economia dos criadores?
Passadas duas décadas, chegamos a um novo estágio do conteúdo. A economia dos criadores ou economia criadora, nada mais é do que o modelo de negócios onde o dinheiro de mídia que antes era investido apenas nos formatos tradicionais, passa a circular entre todos os atores que integram o que podemos chamar de ecossistema dos criadores de conteúdo.
Dessa maneira, os modelos tradicionais estão sendo gradualmente adaptados para atenderem as necessidades desta nova economia focada no potencial dos criadores e sua conexão com a audiência.
Com a economia dos criadores, ganha destaque a economia da atenção. Enquanto muitos se referiam a esse movimento como sendo a economia da informação, Michael Goldhaber afirmava ainda em 1990 que a mudança na forma de se consumir conteúdo poderia ser considerada uma nova mercadoria, onde a atenção (e não a informação) torna-se cada vez mais escassa, por isso, passa a ser um bem de alto valor.
Quem faz parte da economia dos criadores?
A economia dos criadores deve ser encarada como um ecossistema. Assim como para se fabricar um carro são necessários fornecedores diversos, ao se planejar, criar e distribuir conteúdo, existe toda uma cadeia de profissionais envolvidos.
Fazem parte dessa cadeia da economia dos criadores, os próprios criadores de conteúdo e comunidades, curadores de conteúdos e plataformas de criação e distribuição. Estão inclusos nesse ecossistema influenciadores, blogueiros, videomakers, roteiristas, fotógrafos, editores, todos os softwares e serviços que esses atores em seus trabalhos, e claro, as plataformas de distribuição de conteúdos, como YouTube, Instagram, Facebook, Twitter, Linkedin, TikTok, Pinterest, Twitch, e tantas outras.
Como a economia focada nos criadores está revolucionando o mercado de publicidade digital?
Com o advento da economia dos criadores, todos os integrantes desse ecossistema criativo encontram novas maneiras de ganhar dinheiro com a internet. Nesse contexto, os meios tradicionais não fazem mais tanto sentido, ou já não são tão lucrativos assim.
Se antes os criadores eram empregados e trabalhavam 8 horas por dia, na economia criativa, eles não possuem mais um chefe ou vínculo empregatício. Isso faz com que seja possível até mesmo diversificar as plataformas em que atuam e as formas de ganhar dinheiro online. Uma pessoa criadora de conteúdo pode falar de receitas veganas em seu canal do Youtube e falar de moda num perfil do Tiktok. Dessa forma ela pode fazer publicidades para marcas de comida e roupas ao mesmo tempo, ou até mesmo, publicar seu próprio livro de receitas e ter uma coleção de roupas assinada por ela.
Outros exemplos de como criadores podem ganhar dinheiro com a internet são:
receita de anúncios;
eventos ao vivo (presencial e digital);
produtos próprios;
colunas em grandes veículos e portais;
clube de assinaturas e fãs;
apadrinhamento;
licenciamento;
conteúdo patrocinado, a famigerada #publi.
Todas essas possibilidades provocam uma verdadeira revolução no mercado de publicidade digital. Se antes criadores de conteúdo eram chamados apenas para receberem um briefing na hora de produzir conteúdo, hoje eles sentam à mesa para co-criarem campanhas e opinarem nos processos criativos.
Entender o conceito de economia do criador faz-se importante para os profissionais de marketing de influência e anunciantes, pois essa economia ditará o futuro da criação de conteúdo.
É fato que os grandes conglomerados de mídia não deixaram de existir até grande parte do dinheiro ainda está lá, mas aos poucos o digital tem ganhado destaque, e o surgimento da economia criadora escancara a importância e o valor do conteúdo de nicho, o que os criadores sabem fazer muito bem.
Outro movimento interessante é que nos próximos anos será cada vez mais comum a contratação de artistas e influenciadores para cargos estratégicos nas áreas de conteúdo e marketing.
Algo que já foi visto com as recentes contratações de Anitta na Ambev, Iza na Olympikus, Manu Gavassi na Tanqueray e Marina Ruy Barbosa entrando na como diretora de moda do Grupo Arezzo&Co. Tratam-se de parcerias que vão para além dos esforços de posicionamento de marca, ou geração de awareness, visto que são posições onde a geração de novos insights criativos e oportunidades de negócios são vitais para as marcas que as contratam.
Além disso, a criação de aplicativos por parte dos próprios criadores, o que os tornará mais livres do controle e baixa remuneração de plataformas como o Youtube, por exemplo, será mais comum.
O que esperar do futuro da economia dos criadores?
Dados da Mediakix, agência referência em marketing de influência nos EUA, dão conta de que mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo se consideram criadores de conteúdo e cerca de 2 milhões de pessoas desejam tornar-se criadoras de conteúdo em tempo integral. Segundo essa mesma agência, os 50 milhões de criadores de conteúdo online devem receber US$ 15 bilhões em verba publicitária em 2022.
Com a era da economia de conteúdo, criadores de conteúdo independente do tamanho de suas audiências têm encontrado diversas plataformas para compartilharem com o mundo, suas paixões, talentos e habilidades. Hoje é possível sim, ganhar dinheiro com o que mais se gosta de fazer. Plataformas como Patreon, Only Fans, Clash e Cameo veem seus números crescerem a cada dia com criadores que movimentam essa cadeia.
Segundo relatório da Million Insights, a indústria do marketing de influência deve chegar a US $ 23,52 bilhões até o final de 2025.
A economia dos criadores torna mais acessível às pessoas de qualquer lugar do mundo, a possibilidade de criar conteúdo e ganhar dinheiro com isso. Mas é preciso atenção para não romantizá-la, pois ainda existe um grande descompasso nessa economia. São poucos mega influenciadores ganhando muito dinheiro e milhões de criadores pequenos e bem nichados ganhando pouco.
Como em qualquer outro trabalho, o processo de criação de conteúdo para internet demanda esforço e dedicação. Além de não ser possível monetizar a partir do primeiro conteúdo publicado, esse processo exige tempo, frequência e a construção de uma comunidade engajada.
Quais são as suas impressões sobre a economia focada nos criadores? Deixe nos comentários!
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